segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Évora Comercial


Anda por aqui grande azáfama discursiva em torno da construção ou não construção de um Centro Comercial, ou de dois.

É uma discussão, como não podia deixar de ser, quase sempre pautada por razões de ordem ideológica e quase sempre destituída de argumentação plausível.

As decisões sobre abrir ou não abrir, abrir um ou dois, assim como as decisões de abrir ou não abrir uma mercearia no meu bairro, são – desde que respeitados os condicionalismos legais – decisão e problema para os investidores.

Se “dá” ou não “dá” para dois é questão que, quem investe, não vai descurar com toda a certeza.

Sobre os impactos que tal ou tais aberturas poderão provocar no comércio de base familiar são questões que estes agentes económicos terão de ponderar e tomar medidas para evitar ou minimizar eventuais consequências negativas.

Não parece que a inexistência de tais empreendimentos, tenha até agora, de alguma forma, contribuído para a vitalidade do comércio de base familiar.

Para esta discussão também quero dar o meu contributo.

O «universo» de eventuais clientes (no caso, com base em estudo associado ao empreendimento cuja construção se iniciou a sul) é de cerca de 300 mil pessoas. Aproximadamente o dobro da população do extinto Distrito de Évora e menos um pouco, do conjunto da população do Alentejo.

Sobre tal número, importa ter claro que não há uma territorialização de origens definida de forma estanque. Francisco Xavier Fragoso, Alcaide de Badajoz, disse. «Badajoz é também núcleo comercial importante do Alentejo e esta construção pode afetar o número de portugueses que visita Badajoz» ao que posso acrescentar que também (a construção) poderá afetar, trazendo a Évora, cidadãos de Badajoz.

E os 300 mil, possíveis clientes, a existirem dois centros comerciais, ao repartirem-se, não passarão a ser 150 mil para cada lado, mas sim, continuarão a ser 300 mil que repartirão destinos.

O Fórum Almada, afirma no seu sitio na internet, ter 18 milhões de visitas por ano. Não vamos extrair daqui, que todos os portugueses e uma parte dos espanhóis, visitam anualmente tal espaço.

A visita a Centros Comerciais e as compras, são atividades sociais e por isso, as dinâmicas que eventualmente ocorram em consequência da construção  e entrada em funcionamento de novos espaços, só podem ser entendidas na base das dinâmicas sociais e não por força de réguas, esquadros e máquinas de calcular.

Viseu (cidade), tem aproximadamente o mesmo número de habitantes e tem em funcionamento dois Centros Comerciais (12 salas de cinema).

A área de influência é maior? Sim. Mas também é maior a concorrência de outros centros urbanos próximos.

Deixando opinião, que mais não pretende ser que opinião e não me constituindo como adepto muito fervoroso de Centros Comerciais, julgo que investimentos e criação de postos de trabalho são bem-vindos num território sedento de tal.

Continuarei a ir ao comércio tradicional à procura do nosso pão, do nosso vinho, enchidos e queijos, frequentarei a loja do meu bairro e tomarei café nos cafés da cidade e irei ao Centro Comercial ao cinema e talvez para jantar, para poder estar até mais tarde em conversa com os amigos sem ter de olhar para a cara de enfadonho do dono do restaurante que após as sobremesas servidas à pressa anseia que a gente pague e se vá embora.

Fontes: www.economico.sapo.pt e www.tribunadoalentejo.pt , respetivamente a 25.11 e 29.11

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