sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Planeamento


Uns afirmam que planear é desenhar o futuro que se deseja alcançar, outros, associando-lhe um sem número de outros complementos (sendo o complemento ” estratégico” o mais usual, presentemente) entendem-no como instrumento de ação e uso corrente.

Muitos, fazem dele o seu ganha-pão e outros, um objetivo.

É sobre o planeamento como objetivo que quero dedicar este apontamento.

Todos conhecemos. Planos que dão lugar a planos e planeamentos que dão lugar a nada a não ser a mais planeamento.

Está agora na berra a temática da reabilitação urbana.

Todo o processo conducente a ela tem que obedecer:
A uma Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial (um plano);
Um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável;
A um Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano;
À definição de ARU- Área de Reabilitação Urbana (com plano);
A uma ORU – Operação de Reabilitação Urbana que têm de ser acompanhada por um Programa Estratégico (um plano).
À Elaboração de Planos de Por menor, que podem ser de Salvaguarda.
Aos respetivos projetos de obra.

Entretanto, nada.

Nem uma pedra mudou de sítio ou foi colocada no sitio onde falta, nem um canteiro viu arbustos, quanto mais uma casa reabilitada ou uma praça reutilizada.

A panóplia de instrumentos de planeamento e as discussões teóricas em torno dele, se a alguma coisa conduzem, é à inação.

Neste e noutros casos, planear é a melhor forma de não fazer.

A um plano, seguir-se-ão os planos necessários, para que nada aconteça, a não ser a produção de planos. 

E as cidades, principalmente os seus Centros Históricos, definharão.

E nos seus velórios encontraremos os planeadores, os decisores das câmaras que decidem sobre os planeadores e sobre os planeamentos e muitos outros intelectuais e especialistas.

E, com um requiem em tom de fundo, projetarão sobre as ruínas da cidade que foi, um power-point com a imagem da cidade do futuro que estão a planear para a cidade de que se despedem.

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