terça-feira, 17 de maio de 2016

Aboberices ou um filosofar de algibeira

A propósito da simplificação…ou do seu contrário…

Não há coisa mais difícil e mais injustamente tratada, que a simplificação.
Simplificar é difícil, mas depois de (se simplificar), todos se apressam a dizer: «mas é claro».
Incapazes de simplificar, muitos, na expetativa de transmitir aos seus auditórios aquele ar de eloquência que é próprio daqueles que desta, nada têm, e na espectativa dos aplausos, lançam-se num uso desenfreado de termos «complicados».
Depois do discurso, os eloquentes, adoram saber que ninguém percebeu nada do que disseram.
Essa é a garantiam que julgam adequada ao estatuto.
E são quase sempre bem-sucedidos.
Por outro lado têm também a garantia de que não serão contestadas (pois se não foram percebidas) as ideias expostas e muito menos, que sobre elas, alguém se atreverá a perguntar o que quer que seja.
Os discursos servem os seus propósitos:
Nada dizem, porque nada os seus autores tinham para dizer.
Os termos complicados e o arredondado discursivo transmitem a ideia de eloquência.
E porque nada dizem, também nada haverá para contestar ou lugar para dúvidas.
Haja palmas (e essas são garantidas) e eles ficarão satisfeitos.
Dependendo dos contextos, o uso de termos complicados e do discurso redondo pode ser substituído por frases fortes e curtas do tipo chavão.
Todo o resto se manterá.
Trata-se, nestes casos, de mera cosmética.

Simplificar…?
Para quê?
Além de que isso é difícil!

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