quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O comboio passante


Está viva a discussão sobre os malefícios da passagem do comboio no traçado proposto pela Infraestruturas de Portugal, no troço entre Évora (estação) e Évora Norte.

Este troço faz parte do Corredor Internacional Sul que visa ligar o Porto de Sines a Espanha e está integrado no Plano de Investimentos em Infraestruturas Ferrovia 2020.

O custo total estimado é de 626,1 milhões de euros e projeta-se a conclusão (traçado Évora /Fronteira – Caia) para o 4º trimestre de 2019.

Acreditando, em 2020, os eborenses poderão ir de comboio a Badajoz comprar caramelos.
Poderão mesmo?

Poucas são as vozes que anunciam a vertente de passageiros. Só se fala de carga e de carga passante entre Sines e Espanha.

Pois a ser assim, os benefícios para a cidade e para a região poderão cingir-se a…ver passar os comboios.

15 por dia, segundo declarações de responsáveis da IP,  com 750 metros de comprimento (ena) e carregadinhos e rápidos.  O plano já citado, refere que serão 51 comboios (uma pequena diferença).

Se não tem passageiros nem plataforma de carga para servir Évora e a região pois que vá passar longe.

Claro que o interesse não será a compra de caramelos (evidente ironia) mas sim a importância estratégica que o comboio poderá ter para a cidade e para a região.

Olhando só na perspetiva turística, ressalto duas possibilidades:

As praias do litoral alentejano passariam a ser as praias de fim de semana para muitos milhares de espanhóis que poderiam usar o comboio em detrimento do automóvel e acrescentar assim rapidez, comodidade e segurança na deslocação.

Muitos alentejanos, principalmente da raia, fariam o mesmo.

Cidades Património da Humanidade (Évora; Elvas; Mérida; Cáceres) passariam a estar ligadas por comboio, tornar-se-iam mais próximas e disso resultariam dinâmicas acrescidas de procura.

A existirem benefícios, sou de opinião que há lugar para a discussão e para a aceitação de medidas que possam ser de mitigação para os problemas que um projeto deste tipo acarreta.
Se não existirem e sabendo que eles existem para o país, pois que o «país» não sacrifique Évora e estude e aplique um traçado que se afaste da cidade e afaste esta dos inconvenientes de comboios passantes.


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