quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nós já vivemos o futuro


Lembram-se?

Ficámos então, nesse futuro vivido, a conhecer os campos e as gentes que julgávamos já conhecer.
Conhecemos e apaixonámo-nos pelos sítios de onde antes queríamos fugir.
Passou a ser bom e a saber bem, viver onde vivíamos.
Receber visitas como recebemos.
Trocar abraços.
Aprendermos novo significado para a palavra camarada.
Aprendemos a cantar, mesmo os que hoje ainda não sabem.
Conhecemos poetas, escritores, revolucionários.
E tratávamo-los por tu.
Como se os conhecêssemos e conhecíamos.
Soubemos a que sabem os beijos.
Aprendemos a amar.
E para esse tempo futuro vivido, não fomos levados por máquinas nem por imaginações.
Não datámos o tempo, mas sabemos que esse tempo, o futuro, foi o tempo que alguns construíram.
Com muito esforço e coragem.
E hoje, com esse futuro tão distante é nos homens e mulheres que construíram esse tempo que penso e a quem quero deixar o obrigado.
Um obrigado a eles e a elas e um lamento por não termos sido capazes de guardar o futuro para os nossos filhos.
Hoje, é de novo passado.
É certo que que por vezes há uma aberta e um rasgo de sol surge tímido por entre as nuvens.
Mas é só uma aberta.
Já não sabemos o que significa a palavra camarada.
Mesmo aqueles que a usam.
Já não nos lembramos dos nomes dos homens e das mulheres que construíram o futuro que vivemos.
Os beijos já não sabem a sal, a sol, a amor.
Os abraços, são de circunstância.
Mas…
Alguns resistem.
Eu quero resistir.
Por isso, estas palavras, nas vésperas (quase vésperas) de nas ruas e praças, se comemorar o dia que foi então o primeiro dia do futuro que vivemos.
E por isso também, uma palavra de gratidão para os homens e mulheres que ajudaram a construir o nosso futuro.
E a esperança de ainda sermos capazes de dizer camarada.

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