terça-feira, 17 de maio de 2011

ÓPIO DO POVO

Hoje, talvez Marx hesitasse entre Religião e Televisão, para a definição de ópio do povo.

Se continua a ser verdade - e de que maneira - que a religião (qualquer uma), continua a desempenhar importante papel nos processos de alienação, não é menos verdade e menos dinâmico esse mesmo papel, desempenhado pela televisão.
A caixa que mudou o mundo, mudou-o à sua imagem e colocou o mundo na caixa.
Intelectuais de toda a espécie, onde proliferam os que se armam aos cucos, deleitam-se com as suas grandes tiradas sobre o papel da televisão no mundo actual, gostando muito de concluir que esta, só o reflecte e proporciona o que este quer, ou seja, a televisão é medíocre porque o povo é medíocre.
E nesse processo medíocre tem crescido a mediocridade ao ponto de hoje atingir níveis em que a adjectivação pode ganhar contornos grosseiros.
Tudo em televisão (e não tenho, propositadamente, o cuidado de dizer quase tudo) é banal, grosseiro e alienante., desde o entretenimento à informação.
Esta última, nem sequer é actual. Um facto, tratado pelos jornais, é depois encenado para televisão, dois, três dias depois. Ganha então e só então, a real dimensão de facto: «deu na televisão» comenta-se no outro dia no café da esquina.
Instalam, dentro da caixa e sob pretexto de informar, um conjunto de jarrões especialistas nas mais diversas áreas - comentadores, comendadores, professores, politólogos, ECONOMISTAS (Com destaque de maiúsculas, porque, os outros - os que são de facto - denominam-se de Economistas) e muitos outros istas que dizem todos o mesmo num jogo divertido em que até parece que se contradizem.
É incrível verificar que estes cujos, passam mais tempo a analisar e comentar os factos do que o tempo de ocorrência dos próprios factos. Exemplos perfeitos destas aberrações, são os comentários de horas a um jogo que dura noventa minutos ou agora, muito actual, os comentários aos debates entre candidatos às próximas eleições.
A televisão é pois um instrumento maldito.
Seríamos hoje mais livre sem ela.
Assim quase como um despropósito a propósito lembro-me de uma história que me contaram e que se passou algures por aqui. Conta-se que, um homem já bem vergado pelo peso da idade e farto de ouvir um determinado individuo a «pregar» frequentemente na televisão, foi à arrecadação, trouxe a caçadeira e zás… pregou um tiro na televisão «aqui não pregas mais» tê-lo-ão ouvido dizer os familiares que acorreram atónitos e em pânico.
Fôssemos nós capazes de fazer, se não o mesmo, pelo menos algo semelhante…
Abaixo a televisão.

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