terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A insustentável leveza de uma inquietação

Os que agora procuram as guias para transporte para o tratamento que só podem fazer longe de casa e a quem dizem que o isso acabou.
Os que pedem um atestado e que lhes dizem para pagar o que eles não têm.
Os que deixaram de receber abono de família.
Os que pagam diariamente taxas ditas moderadores com valores cada vez mais imorais.
Os que pagam o IVA a 23%.
Os que vêem os descontos aumentarem sobre um salário que estagna.
Os que um ano mais vão ver a sua progressão na carreira congelada.
Os que estão desempregados.
Os precários que só não o são para os pagamentos ao fisco e à segurança social.
Os que recebem pensões de miséria.
O que vão sofrer cortes nos salários.
Estes, a que se juntam muitos outros e muitas outras situações, vão juntar o seu voto ao voto dos responsáveis por este estado de coisas???
E os responsáveis por este estado de coisas são os que as promoveram, os que as votaram (comodamente instalados no Parlamento), os que as consideraram inevitáveis e males menores e o que, com a sua assinatura, as transformaram em leis da República.
Pergunto de novo e inquieto-me, irão as vítimas juntar o seu voto ao voto dos carrascos?
Irão desistir? Baixar os braços?
Cegar e considerar que tudo é igual?
Desistir (uma e outra situação, são desistir) é entregar a vitória ao adversário.
Inquieto-me pois.
E é uma insustentável inquietação.

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