quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Efemérides


“ Gripe A, Crise, Afeganistão, bombas, hipócritas nobéis de pazes bombardeadas, patetices pseudo literárias e acima de tudo Évora e o (des) governo da urbe são temas em turbilhão neste espojinho que agora se levanta” «espojinho 29.10.2009».

Assim escrevi, na primeira publicação. Quase seis anos passaram, entretanto.
Pouco mudou.
Passámos a falar menos de gripe A e mais de Ébola, continuámos a falar e a sofrer com a crise, ao Afeganistão juntaram-se (juntaram) outros dramas, os hipócritas nobéis de pazes continuaram a bombardear povos. Creio que continuaram as patetices pseudo literárias. 
A cidade mudou de governo.
Hoje, esta é a publicação quinhentos. Quinhentos textos lidos por quase 46 mil vezes. Pouca coisa. A coisa possível.
Havia dito a mim que pensaria em dar por concluído este espaço de desabafos quando atingisse as quinhentas publicações ou as 50 mil visualizações de página.
Está cumprido o primeiro desiderato.
E não dei ainda por concluído se vou ou não dar continuidade ao «espojinho».
Por agora, ele aqui está.
Perdeu no entanto a capacidade de se espantar que marcaram os primeiros textos.
Vê imagens do «gorila» húngaro a passar em revista crianças e repara que uma menina levanta os braços e na sua infantil ingenuidade julga que o «gorila» a iria abraçar.
Não, ele ia ver se ela tinha facas, bombas, metralhadoras sob a sua blusinha de menina.
E já não se espanta.
Lê declarações do novo dono da pt em que este afirma que não gosta de pagar salários e que os que paga, paga pelo valor mais baixo que possa.
E continua e continuamos clientes.
E já não se espanta.
Assiste ao descaramento de um primeiro ministro que vê o deficit aumentar quase 3,5 pontos por força das negociatas do bes (que ele havia e continua a jurar que não teriam custos para os contribuintes) e que diz: «não há problema, é dinheiro que está a render».
E por força do deficit cortou salários, pensões, eliminou direitos, cortou nas pensões sociais dos mais miseráveis.
E não se espanta.
Porque vivemos tempos de espantamentos (de maus espantamentos) contínuos.
Parece valer tudo.
Haverá um tempo em que lembraremos como efeméride o tempo destes espantamentos?
Um tempo, em que estes tempos serão recordados, para que nunca mais aconteçam?
Nas próximas eleições podemos iniciar o caminho em direção a esse tempo de negação destes espantamentos.

Mas nada me espanta…

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