Horas e oras…
Sabemos que os rios correm para o mar (mesmo que por vezes
se juntem a outros rios ou descansem num qualquer lago) e por o sabermos, não
duvido que aquele que agora contemplo esteja a seguir esse destino, mas não
parece.
Tão calmo. Tão sereno.
São quase impercetíveis os murmúrios das suas águas.
Talvez porque o mar já esteja perto e ele não tenha pressa.
Talvez porque todo o seu trajeto foi feito devagar,
calmamente na planície.
Talvez…porque é assim. É a natureza.
Quem criou o mundo teve falhas grandes e uma delas foi a
criação do homem mas era um arquiteto paisagista de primeira ordem.
Ali, naquele sitio tão perto e aonde nunca tinha ido, tenho
claramente essa perceção.
Oiço com perfeita nitidez as seis badaladas do relógio da
Igreja.
Pouco depois, segundos talvez, oiço com menos nitidez,
vindas do outro lado do rio, da igreja que se destaca no triangular casario
branco, sete badaladas.
São sete horas em Salúncar e são seis em Alcoutim. Uma hora
de diferença inventada pelos homens.
Umas breves remadas e os de cá chegam lá e os de lá vêm cá.
A obra da natureza está ali, imponente e bela.
A obra dos homens, troca-lhes as horas.
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