terça-feira, 27 de julho de 2010

Um pequeno bafejo



O espojinho anuncia-se como coisa errante.
Que ora se assume vigoroso, varrendo em espiral o seu percurso, ora lento, quase só uma aragenzita, como um bafejo.
Nos últimos dias nem mesmo um bafejo.
Mas está presente.
Simplesmente um pequeno retemperar de energias.
Ele gosta por vezes de ver o mar, de sentir a sua frescura ao fim de tarde, de imaginá-lo como caminho para encontros e como elo de ligação entre todos os povos.
Quando a noite cai e a lua cheia abre sobre ele um caminho prateado, quase apetece pôr pés ao caminho…
Mas fica em terra.
E encontra povos que conclui oriundos de várias paragens mas que não comunicam entre si. Percorrem e acotovelam-se nas ruas que cruzam, mas não se comunicam.
Chega mesmo a considerar-se estrangeiro no seu próprio país. Visitante e não anfitrião.
E consulta informações em língua que não a sua e vê ementas absurdas para a sua cultura gastronómica.
Absurdas não porque não lhe são comuns, mas porque não são elas mesmo comuns.
É possível numa pastelaria pedir um café e um rodriguinho ao mesmo tempo que se pode pedir uma dose de sardinhas com batatas fritas.
As ementas são tão ecléticas que associam cavalas grelhadas, hamburguer e esparguete à carbonara.
Vale tudo. É grande a ganância, mas não me parece que a coisa vá dar resultado.
Experimentem mudar de rumo.
Valorizar a autenticidade e o que tem identidade.
Experimentem, porque eu não quero repetir a experiência,
Agora estou à procura de uma aldeia, talvez na costa alentejana, onde me encontre com gentes que vindas de todo o mundo, nos procurem pelo que somos.
Pelo sol, pela praia e pelo mar, pela hospitalidade, pela imperial, pelos percebes, berbigões e companhias.
Ainda encontrarei?

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