A coisa por aqui tresanda meu caro amigo.
O bafio tomou conta das ruas e praças.
Sim, daquelas mesmas praças e ruas que percorremos naquele Abril e que eram então prenhes com cheiro a cravos e a liberdade.
Parece mentira não é?
Quem diria que tal seria possível?
Mas eis que voltou. Voltaram.
E voltaram descarados e arrogantes como antes.
Tramam-nos a vida, odeiam tudo o que cheira a direitos de quem trabalha.
Vão-se ao nosso salário como gatos a bofes.
Foram vindo de mansinho...falavam de coisas novas, que era preciso adaptarmos-nos ao mundo global. Transpiravam competência e seriedade.
Evidentemente que foram tendo ajudinhas, os troca tintas de sempre colocaram-lhes os tapetes por onde agora passam com as suas botifarras sujas.
E o novo, virou velho.
Uma dama naftalitica começou por defender a suspensão da democracia, outros falam de ajustes (de contas). O velho chefe destes velhos regressados, com o descaramento que lhe julga permitido, ofende todos os que sobrevivem às suas desgraçadas medidas, afirmando ser pouco a exorbitância que ganha.
Vê tu o descaramento: diz que não lhe chega a reformazita de 10 mil.
E tantos que se arrastam com reformas de 400 lhe deram o seu voto ainda nem há um ano...
Coitados... juntaram agora à miséria, mais esta dor da humilhação.
Nos jornais e nas televisões (sabes que agora temos uma catrefada de canais...) é um corrupio dos arautos da situação. Adoram títulos (professor, é o mais apetecível – sabes...dá credibilidade) e por vezes utilizam uma linguagem mais desabrida (folclórica) para fazer poeira e «amansar».
Um dia destes dei com eles a falar do teu país, uma ditadura assumem todos a uma só voz.
Sim, ditadura, dizem eles.
Porque por aqui, só suspendemos a democracia e estamos ao momento a fazer ajustes (de contas com as conquistas democráticas).
Mas a democracia vai continuar.
Quando houver oportunidade para isso...
Adeus amigo...olha aguenta-te por aí (estranho que ainda não te tivesses queixado – parecia-me mesmo que estavas feliz) que nós por aqui vamo-nos esforçando para interromper a suspensão...
Espero por ti...
Talvez em Abril e com cheiros de primavera e liberdade
Nas nossas praças e ruas deste bonito país, quando o sol rompe o nevoeiro e dá para o desfrutar com clareza.
Adeus...até esse dia.
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