quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Carta a um amigo

 

A coisa por aqui tresanda meu caro amigo.

O bafio tomou conta das ruas e praças.

Sim, daquelas mesmas praças e ruas que percorremos naquele Abril e que eram então prenhes com cheiro a cravos e a liberdade.

Parece mentira não é?

Quem diria que tal seria possível?

Mas eis que voltou. Voltaram.

E voltaram descarados e arrogantes como antes.

Tramam-nos a vida, odeiam tudo o que cheira a direitos de quem trabalha.

Vão-se ao nosso salário como gatos a bofes.

Foram vindo de mansinho...falavam de coisas novas, que era preciso adaptarmos-nos ao mundo global. Transpiravam competência e seriedade.

Evidentemente que foram tendo ajudinhas, os troca tintas de sempre colocaram-lhes os tapetes por onde agora passam com as suas botifarras sujas.

E o novo, virou velho.

Uma dama naftalitica começou por defender a suspensão da democracia, outros falam de ajustes (de contas). O velho chefe destes velhos regressados, com o descaramento que lhe julga permitido, ofende todos os que sobrevivem às suas desgraçadas medidas, afirmando ser pouco a exorbitância que ganha.

Vê tu o descaramento: diz que não lhe chega a reformazita de 10 mil.

E tantos que se arrastam com reformas de 400 lhe deram o seu voto ainda nem há um ano...

Coitados... juntaram agora à miséria, mais esta dor da humilhação.

Nos jornais e nas televisões (sabes que agora temos uma catrefada de canais...) é um corrupio dos arautos da situação. Adoram títulos (professor, é o mais apetecível – sabes...dá credibilidade) e por vezes utilizam uma linguagem mais desabrida (folclórica) para fazer poeira e «amansar».

Um dia destes dei com eles a falar do teu país, uma ditadura assumem todos a uma só voz.

Sim, ditadura, dizem eles.

Porque por aqui, só suspendemos a democracia e estamos ao momento a fazer ajustes (de contas com as conquistas democráticas).

Mas a democracia vai continuar.

Quando houver oportunidade para isso...

Adeus amigo...olha aguenta-te por aí (estranho que ainda não te tivesses queixado – parecia-me mesmo que estavas feliz) que nós por aqui vamo-nos esforçando para interromper a suspensão...

Espero por ti...

Talvez em Abril e com cheiros de primavera e liberdade

Nas nossas praças e ruas deste bonito país, quando o sol rompe o nevoeiro e dá para o desfrutar com clareza.

Adeus...até esse dia.

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