(A propósito da ausência, só me apraz…com todo o respeito dizer…é a vida…de um espojinho)
Sofarando (surf de sofá) e fazendo projetar na linha do limitado horizonte (em sentido objectivo e não figurado), as diferentes imagens da caixinha maldita, dou por mim a pensar nesta homogeneidade (aparente? real?) de comportamentos e formas de pensar.
Eu fujo dela a sete pés, é um facto, e depois exilo-me em “travels” com as suas viagens de sonho e nos canais “food” (hei-de ser um cheff, vocês vão ver), mas depois fico sem conversa (pelo menos, a conversa estandardizada) e vingo-me nos tremoços, quando a pretexto de uma cervejola, discuto com amigos a situação no mundo.
Eu não posso estar sempre a contraria-los, caramba…
E o refúgio nos tremoços é uma boa opção porque estar sempre contra, cansa e cansa-nos…
Falaram muito em primavera árabe e eu sempre torci o nariz. Um amigo meu, useiro em adjetivações rápidas, chamou-me mesmo sectário e acusou-me de não saber ler o que se estava a passar…
Confesso que ainda hoje, estou a procurar soletrar as primeiras palavras procurando descortinar o que se passa no Egito, na Líbia, no Iraque, no Afeganistão (usando da mesma liberdade criativa para definir espacialmente “árabe”).
Mas primavera? Aquela primavera que vivemos colorida de cravos vermelhos e ondas de liberdade?
Dou de barato, um leve cheirinho de alecrim na Tunísia.
Porque de resto, não são muito agradáveis os cheiros que recebemos vindos desta primavera árabe.
Uma outra hegemonia (consenso) decorre em torno do conceito de terrorismo.
Uma bomba que mata israelitas é uma bomba terrorista. Ou as que explodem a uma cadência diária ceifando centenas de vidas em Bagdade.
Mas uma bomba que explode em Damasco é uma bomba libertadora. Um ato de coragem. Assim como as que explodiam em Trípoli …
Tenho para mim, que se tratam sempre, de atos criminosos.
Mais localmente, constrói-se agora a ideia, à qual procuram dar o estatuto de hegemónica, que a decisão do Tribunal Constitucional, de ter considerado inconstitucional o roubo dos subsídios de férias e de natal, é uma decisão grave, perigosa, que ameaça o futuro do país e outras desgraças idênticas.
E eu, de novo perplexo.
Violar a Constituição não é grave o que é grave é o Tribunal que tem como função protege-la , exercer - mesmo que titubeante - essa função .
E perigosamente vejo este conceito a ganhar sorrateiramente caminho para figurar naquele espaço das verdade indesmentíveis.
No mesmo espaço onde está a crise que ninguém discute.
Onde está o argumento de gastámos de mais e agora temos que fazer sacrifícios.
No mesmo espaço onde está a Troika
São tão enfadonhos, tão medíocres e tão alienantes os consensos
Ai como nos aproximamos da aceitação de que os fins justificam os meios…
E eu que pensei que a ideia de suspender a democracia tinha sido um mero lapso de linguagem.
Ela não só está já suspensa como suspeito se aproxima rapidamente da aniquilação.
O Chefe até já diz: que lixem as eleições…
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