quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Talvez

Talvez, agora mesmo, neste preciso instante, estejam a lançar bombas sobre Donetsk esventrando edifícios e gente.

Talvez agora mesmo, mais não sei quantas crianças palestinianas tenham perecido como consequência de mais um ataque.

Talvez, agora mesmo mais um carro armadilhado tenha estoirado vidas em Bagdad, em Trípoli ou em Kabul.

E provavelmente, também agora mesmo, mais um negócio de armas esteja a ser fechado e comemorado com champanhe, uísque ou vodka em qualquer uma das cidades cofre do nosso mundinho.

Talvez, agora mesmo, alguém tenha posto uma corda ao pescoço cansado de não conseguir comer para os filhos.

Talvez, agora mesmo, alguém como nós tenha morrido desgraçadamente vítima de ébola, malária ou qualquer outra desgraça numa qualquer vala de África.

Ou de fome.

E, talvez, agora mesmo, o banqueiro tenha feito a transferência para repor o pequeno rombo nas suas contas pessoais de três milhões.

E, talvez, agora mesmo, os sinos toquem a repique em nome das dezenas de milhares de vítimas em Hiroxima.

Não sei, mas devem ter sido poucos os que se lembraram.

A vida continua não é? A nossa.

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