quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FESTA



Apesar da multidão, dos sons e cores, dos encontros que nos arrancam momentos, é bom, por momentos, breves momentos que sejam, percorrer em silêncio a festa.
Circular memórias. Projectar futuros.
Saltar da FIL - o tempo primeiro - para o Jamor dos primeiros tempos para depois contemplar o Tejo do alto da colina de Lisboa que tanta cor e projecção deu à festa.
E olhar o Tejo, agora aqui resguardado num cantinho sereno do seu estuário.
Saborear cada momento, cada passo deste caminho onde confluimos nesta terra dos sonhos.
E tremer por dentro mesmo na presença do mais banal de um acontecimento - um jovem alemão carregando nos erres e soletrando palavras de ordem muito nossas - e sentir e conter as alegrias que querem sair na forma de lágrima e encontrar amigos e saber deles e eles de nós e
Lembrar o amor amando.
E sabendo quão diferente é o mundo procurar saber se é verdade, se é mesmo verdade, que aqueles que sabem fazer aquela festa também saberiam fazer um mundo melhor.
E percorrer o país e o mundo numa passada. Comer uma alheira em Trás os Montes e beber um mojito em Cuba.
Abraçar um amigo em Itália e interiorizar, enternecido, o beijo de dois jovens namoradeiros, em Santarém.
Vivemos em intensa lucidez três dias felizes sabendo do desemprego, das carências, das dificuldades.
E tudo isso lembrámos e lutámos, nos debates, nos slogans, nas reuniões e no comício.
E por isso mesmo, em festa, lutando, lutámos.
Estes não são os dias de descanso dos guerreiros, mas são os dias em que estes, festejam a vida e retemperam energias para continuar a luta.
E cá estamos.

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