sábado, 11 de setembro de 2010

Sustentabilidade



Não é por muito falar nas coisas que as coisas passam a coisa.
Por exemplo, falamos muito de desenvolvimento e ultimamente de desenvolvimento sustentável e no entanto os indicadores, quando existem, só expressam crescimento - ao invés de desenvolvimento - e assim sendo, sem nenhuma sustentabilidade.
Mas não nos limitamos a falar, instituímos mesmo colossais corporações que se encarregam de difundir e de «homologar» esses conceitos virtuais.
É assim que nos deparamos com estatutos diversos - bandeiras azuis, verdes e outras - cidades inteligentes, educadoras, amigas do ambiente, capitais disto e daquilo, certificações iso e de todo os outros tipos, provedorias para todos os fins.
E aplicamos esses estatutos, aos sítios, às organizações, às cidades.
E no entanto cada vez mais os cidadãos se afastam da participação na gestão desses sítios, organizações e cidades.
Parece até mesmo que esse é o objectivo, ou seja, cria-se a doce ilusão de uma sociedade «preocupada» e «activa» e cria-se uma sociedade alheada.
E sem participação activa da sociedade - das pessoas - não é possível dar curso a verdadeiros processos de desenvolvimento e muito menos de desenvolvimento numa perspectiva sustentável.
Outro factor que parece contribuir para o alheamento é o que está relacionado com a competitividade territorial - fala-se mesmo de marketing territorial.
A competição tem-se constituído, não como factor de desenvolvimento, mas como produtora de efeitos contrários.
Ao invés de competirem entre si, os sítios e as cidades deviam adoptar políticas de parceria e cooperação.
Tomemos como exemplo o turismo no Alentejo. A taxa média de estada dos turistas só aumentará, não enquanto perdurar a competição entre sitios, mas quando estes se complementarem e proporcionarem ofertas integradas.
O Alentejo pode oferecer planície (Beja / Castro Verde), serra ((Marvão / Castelo de Vide) lago (Alqueva) Património Monumental (Évora / Monsaraz / Serpa / Vila Viçosa) praia (Odemira / Grândola), rio (Mértola / Alcácer / Gavião), tomando só algumas referências como ponto para exemplo.
E assim, numa perspectiva integrada, pode levar a convidar a estarem mais por aqui, os visitantes.
O grande lago, o Tejo, o Guadiana, o Sado, as Praias, as Serras de S. Mamede, Ossa, Portel, as cidades, vilas, a gastronomia, o cante e as gentes, acima de tudo as gentes, são património de grande riqueza.
E é com estas e para estas gentes, que temos que mudar e inovar.
Falar pois de desenvolvimento sustentável deve pressupor a tomada de medidas concretas e o abandono do discurso estéril.

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