quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A nossa vida não tem de ser uma merda

Hoje emergem da terra e para a vida os mineiros chilenos.
Bem ajam.
Aproveito para dizer o que sei que sabem: nada mudou de substancial desde o soterramento da vossa saída.
O mundo continua igual. Por aí e por aqui.
Acredito que ao retomarem o contacto pensem, por momentos, que afinal parece que algo mudou.
Tendes um mundo de gente, holofotes, jornalistas e até o presidente à vossa espera.
Mas vós sabeis como são tratados os mineiros
Vós sabeis como ireis ser tratados logo que acabe a febre mediática..
Por aqui, neste meu país de vós distante, as atenções mediáticas convergem para uma encenação dramática que visa, ao invés de salvar, agravar intoleravelmente as condições daqueles que vivem como vós: da força do seu trabalho.
Apresentam uma proposta que visa assegurar que a lei - do Orçamento - consagre o principio da espoliação. Espoliação de direitos, de salários, de pensões, de serviços de saúde.
Bebericam champanhe e saltitam gulosos entre umas delicias de lagosta ou um souflé de cherne e falam de crise.
E encenam o espectáculo. Juntam-se velhos comensais do banquete permanente e babando-se proclamam desgraças sem fim se não «houver orçamento».
Juntam-se as sanguessugas donas do dinheiro impresso com o nosso suor e vão à casa do seu político seu empregado impor-lhe que mande os seus rapazes votar «o Orçamento», senão… desgraça das desgraças…
E os bichos maus ameaçam com outros bichos maus e dizem: «os mercados andam nervosos».
E o «Orçamento» sem o qual todas estas desgraças acontecem ao «País» é tão só a materialização do mais vil e canalha roubo feito a quem trabalha.
O «País» que estas sanguessugas, velhas e novas, falam, é o país centrado nos seus gordos umbigos, de salões de seda empestados a naftalina e tresandando a croquetes rançosos. É o país das coisas boçais. Das pessoas sem escrúpulos e gananciosas.
É o país dos que julgam que sempre assim será.
Não contem.
Há um outro país.
De homens e mulheres solidários. Obreiros disponíveis para construir um mundo novo.
Mais justo e mais fraterno.
O mundo velho está podre.
De França vêm sinais.
Uma jovem dizia: È tempo de agir, se não a nossa vida vai ser uma merda.

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