quinta-feira, 7 de outubro de 2010

TEMPESTADES



Vivemos os tempos das grandes tempestades.
As noticias delas aí estão. Monções, chuvadas torrenciais, deslizamentos de terras, inundações.
E desgraças e perdas de vidas.
Habituámo-nos, ao longo do percurso humano, a enfrentar as suas fúrias e a reconstruir o que elas destroem.
Num misto de esperança e determinação convencemo-nos que após elas, vêm as bonanças.
Para alguns, não todos infelizmente, assim parece ser de facto.
E há tempestades, outras tempestades, que não são de chuva, nem vento e que por vezes, são carregadas de esperança.
Que varrem e destroem coisas obsoletas e que permitem construir novo e melhorar a vida dos homens.
Sabemos dessas tempestades, somos mesmo o resultado das novas construções delas resultantes.
Mas não essas as tempestades que agora nos fustigam.
Estas, que não são de chuva, nem vento, não trazem esperança e nenhuma bonança se espera que se lhe possa seguir.
São tempos de perda de direitos, de descaramentos como não há memória, de revanchismo, de hipocrisias, mentiras e engodos.
São tempos em que só a descrição dos factos, a invocação dos indicadores e a própria análise nos criam repulsa.
São os tempos em que com o dinheiro dos nossos impostos se queimam 4 mil milhões no BPN, se afundam 1,1 mil milhões em submarinos para guerras estúpidas e alheias, em que se atiram ao ar 200 milhões para aviões de sucata.
São os tempos em que roubam os salários dos funcionários públicos, em que lhes destroem as carreiras, em que vilmente tiram pensões e obrigam velhos doentes a pagar medicamentos que não podem comprar.
São os tempos em que um velho, sempre engordado e abochechado nos dinheiros públicos, diz candidamente que é fácil pedir mais dinheiro para os salários o e que o difícil é saber de onde vem o dinheiro.
Senil e duplo erro. Não é fácil. A luta é difícil e o dinheiro sabe-se bem de onde vem - dos nossos impostos e sacrifícios - às vezes não sabemos bem é para onde ele vai …
Tal pensamento foi seguido por outros. Um, disse mesmo que este não é o tempo para «agitações».
Talvez para recolher obrigatório seja o tempo que esta triste figura preconiza. As únicas agitações que gostaria de ver seria a de bandeirinhas aplaudindo os seus desmandos…
Mas vão ver outras bandeiras. Vermelhas. De Luta.
Porque estes são tempos de agir.
Porque ainda há quem resista e ainda há quem lute.
Neste tempo de tempestades pode, até com a ajuda de pequenos espojinhos, levantar-se uma tempestade carregada de esperanças, que varra este mundo velho e injusto e que permita aos homens construir um mundo melhor.
O que estes velhos nos apresentam como eterno e inevitável é findável e evitável .Pode ser levado com o vento.
E esse vento é criado por nós, quando brandimos as bandeiras das nossas lutas.

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