sábado, 25 de abril de 2020

25 de Abril
Confinado

Está a ser estranha a festa pá.
Confinados em casa.
Com cantos isolados e desafinados em algumas janelas e as ruas quase sem ninguém.
É preciso que assim seja, dizem-nos.
E acreditamos e não temos alternativa a não acreditar.
A tragédia tem expressões imensas.

Tem outro sabor a liberdade quando se festeja assim. Há o não sei quê de uma sensação estranha, uma certa maneira de lhe dar mais valor.
Sabemos melhor, de forma dura, o valor da sua ausência.

Mesmo que as razões, para este confinamento,sejam as mais bem fundamentadas do mundo.

E é também estranho a sensação que se vai tendo de que existem os que se começam a habituar e até a gostar.
Se saio à rua para comprar pão, apanhar sol, desentorpecer as pernas e as ideias, há sempre um que mostra um olharzinho de repreensão escondido atrás de uma máscara, por detrás de uma cortina
ou através da janela do carro em que se desloca. Ou que denuncia o comerciante que tem seis pessoas na loja quando só devia ter cinco.
E que julga que é sempre o outro que o vai infectar.
E que brada para que todos fiquem em casa.
Como se todos o pudessem fazer...
E quem faria o pão que ele come?

Não voltámos aos bufos, pois não?!

Confinados, porque tem de ser, mas livres.
Os que querem que nos habituemos a não ser livres...que vão àquele sitio.

VIVA A LIBERDADE



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