segunda-feira, 13 de abril de 2020

LOUCURA

Estou farto de loucuras alheias e decidi que se é para tratar de loucuras, trato da minha própria loucura.
É insuportável a cacofonia dos discursos dos especialistas.
Já se conhecia esta propensão para a especialidade dos especialistas em outros assuntos e tempos, veja-se - reveja-se, pelo menos por parte dos que ainda dão uso à memória -os especialistas em economia e finanças que fizeram carreira na hoje denominada crise. Mas agora a profusão e diversidade é maior.
Há especialistas sobre uso ou não uso de máscaras. Sobre distâncias a manter face ao outro. Sobre sabões (azuis, brancos, líquidos) versus gel e percentagens de álcool.
Sobre curvas epidemiológicas (em pico e em planalto). Sobe duração e ondas.
Sobre efeitos na economia (um dos artigos de um estudo de especialistas referia que pode produzir uma recessão de 0,7% a 20% do PIB) - Podia ter concluído, o estudo especialista,  ser a recessão esperada de 1 a 21 de 20 a 40, sei lá...podia).
Pode haver uma segunda onda. Dizem. Pode. E uma terceira, e uma quarta e uma quinta. Pode.
Pode não ser possível termos férias no verão e a necessidade de as adiar para o inverno. Pode. Também podemos ter que as adiar para o ano, ou para o outro. Podemos.
Oitenta por cento da população mundial pode estar ou ter sido contaminada. Pode. Ou até mesmo cem por cento (ou até mais).
Escrevia alguém, no Público de ontem, sobre cidades e sob eloquente título "As cidades mortas". E foi a fartar vilanagem, desde «cidades mortas», a «cidades cemitério», a «cidades após bomba de neutrões».
Admitindo a loucura - estou a falar da minha - então o que nos preocupa? Para quê esta canseira toda dos especialistas em especialidades? para quê a profusão dos «pode»?
Se tudo morreu?!

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