sábado, 7 de agosto de 2010

CIDADES E MASSA CRITICA




Viver em cidade pressupõe viver em sociedade.
Implica a necessidade de partilhar um espaço comum, respeitar regras de ocupação e usufruto desse mesmo espaço e deve pressupor também (sendo condição, não é no entanto regra universal) a possibilidade de participar nos seus fóruns, espaços de debate e intervenção.
Quando esta última condição não se verifica, ou estamos perante uma cidade sem vida democrática (o que é desde logo a negação de cidade) ou perante uma cidade doente, apática (a não cidade).
Cidades negadas e não cidades são meros aglomerados, de maior ou menor dimensão, de gente (homens, mulheres e crianças).
A ser assim, o que é Évora, hoje?
Cidade negada, não é.
Mas tem grandes indicadores de uma não cidade.
Não se discute, não se critica. Abandona-se. Procura-se noutras cidades.
Imundices junto aos contentores de reciclagem, ervaçais por todo o lado, ruas sujas, estacionamento selvático, tráfego desordenado, vida cultural outlet (excepto estóicos esforços), casas em ruínas com entradas emparedadas, água caríssima e de má qualidade.
E propaganda.
E, todos, todos, à espera de uma fábrica de rabos de avião.
A questão é: vai ou não haver fábrica. (Ai Jorge Amado, que linda novela…).
E a cidade queda. Sem massa critica.
Não tem Feira, Não tem Centro de Feiras e Congressos, Não tem cinema, não tem Auditório, não tem Centro Desportivo.
Mas tem propaganda.
E um presidente que enche a boca. Com excelência.
Que é feito da massa critica da cidade, que lhe deu em tempos vida, dinâmica e projecção?
Que é feito das suas elites? Das que agem e contribuem para a dinâmica?
Só existem as acomodadas? As que vão aos beberetes, as que têm acessos vip aos espectáculos outlet ?
Até o Centro Comercial afinal é outlet.
Serão outlet(s) os rabos de avião pelos quais toda a cidade espera?
E sentada, porque a coisa tem sido demorada.
Aguardemos.

0 comentários:

Enviar um comentário