domingo, 1 de agosto de 2010

PERGUNTAS



Será que hoje, ao jantar, enquanto o empregado prepara diligentemente a cadeira para que a senhora de sua senhoria se sente e sua senhoria já se refresca com a água mineral importada de frança, no restaurante da moda, onde jantam habitualmente aos domingos, estas senhorias terão consciência, que hoje, graças a medidas que aplaudiram, alguns milhares de portugueses iniciam um mês onde vão ter de cortar no feijão e nas batatas das suas habituais refeições de feijão com batata?
Será que hoje, acabadinhos de chegar e enquanto esperam pelos amigos debicando umas gambas algarvias regadas a alvarinho, na esplanada do restaurante (que fica em frente do amplo relvado do golfe) e fazem esperar as lagostas grelhadas na brasa, os senhores e os senhorinhos que aprovaram e produziram as medidas legislativas se lembrarão, em algum momento, que hoje e graças a si, os mais pobres ficaram mais pobres?
Será que os que, também acabados de chegar, mas com destinos diferentes - há quinze anos que alugo esta casa ao Sr. Francisco…tem um belo quintal para as charruscadas - se aperceberão em qualquer momento, que muitos, hoje na hora da distribuição da comida pelos filhos, pesam cada colherada na preocupação de uma distribuição equitativa de uma refeição de miséria e que tal se fica a dever também à indiferença (e em alguns casos, até com anuência) com que receberam as medidas do Governo?
Pois os que aplaudiram, votaram e consentiram são responsáveis.
E a sua responsabilidade tem a dimensão de uma canalhice.
Se há deficit, procurem as causas nos esbanjamentos e nas mordomias inqualificáveis que ostentam.
Não acrescentem mais miséria à miséria.
É tempo de terem vergonha.
Não sei é se ainda vão a tempo.

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