sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Desperdicios



Conhecemos sobejamente as receitas que os responsáveis da crise apresentam até à exaustão para combater a crise (que geraram, repito).
A mais badalada de entre todas é a de redução dos salários. O grande arauto desta medida em Portugal - O Sr. Governador de Coisa Nenhuma - difunde-a agora à escala europeia - vejam-se as «conclusões» ontem divulgadas do BCE de que agora é vice. Vicio.
Mas, salvo lapso de memória, não há notícia de que algum tenha proposto a eliminação do desperdício.
Talvez porque muito dele, seja correspondente a mordomias de que usufruem escandalosamente milhares de «dirigentes» da coisa pública.
Viaturas de serviço usadas e respectivos motoristas para fins particulares.
Telemóveis de serviço e colossais gastos de comunicação, que se usam mesmo em férias.
Representações e custos de utilidade duvidosa.
Tecnologias, mobiliário e inúmeros «gadgets» só para «marcar estatuto».
Edifícios - alguns, verdadeiros palácios - que são meros castelos de meros generais, que estão sub aproveitados ou mesmo abandonados e na mesma cidade, arrendamentos de milhares para albergar serviços.
Estruturas orgânicas feitas à medida dos interesses de alguns. Departamentos sem divisões. Divisões minuciosamente divididas.
Gastos ridículos - há serviços que imprimem diariamente o Diário da República electrónico.
Recrutamento de funcionários só porque o domínio do chefe A não pode ser inferior ao do chefe B.
Se há coisa que chefe gosta é de ter domínio sobre detentores de formação académica elevada. E contrata por isso um técnico superior para desempenhar tarefas de complexidade adequada para um assistente administrativo ou técnico
Deslocações em serviço, com o mesmo destino, de inúmeras viaturas que se cruzam nas estradas com lotação reduzida.
E um infindável campo de outros exemplos. E podem ser mais explícitos. Com factos, nomes e números. Assim queiram.
Combatam o desperdício e garantidamente eliminam o deficit.
Mas preferem continuar a insistir na diminuição dos salários.
E nós sabemos porquê.

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