quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AGARRADOS QUE NEM LAPAS

Agarrados do lado de lá

O mediterrâneo, este mar nostrun, espaço de culturas e caminho de tantos povos e em tantos sentidos, tem-nos trazido nos últimos dias, mais que bafejos com que amenizamos os nossos Invernos e que fazem florir as nossas amendoeiras, mais que história e lendas de guerreiros , mais que histórias de encantar lindas mouriscas, mais que mil e uma noites, mas mais que isso, mais esperança.
Mais relatos épicos de povos corajosos que se levantam e que procuram assumir a dignidade roubada
Mas não estão fáceis as coisas. Nunca é fácil.
Os facínoras não largam os seus descomunais privilégios.
E enquanto ceifam mais vidas, vão hipocritamente lamentando e descaradamente afirmando que sem eles será o caos. Canalhas, o caos são eles que o semeiam.

Agarrados do lado de cá

Recuemos só um pouco.
Um pouquinho mesmo. Há pouco clamavam: «Sem orçamento é o caos» e logo de seguida, depois de apelos, choros, rezas, intervenções externas e até divinas, eis o orçamento aprovado.
Logo de seguida. Porque ganhar votos era preciso, afinal havia outras soluções. O orçamento é um mau orçamento.
Em plenas eleições. Não pode haver segunda volta porque o país não aguenta, a crise e coisa e tal…os juros da dívida vão subir e coisa e tal…
Não houve segunda volta e os juros da divida e coisa e tal estão como nunca se tinham visto.
Agora o país não aguenta um mês de indefinições - por causa de uma anunciada moção de censura - outra vez e coisa e tal.

Porque cá e lá, quem não aguenta mais é o povo que é vitima.
O que falam os senhores de lá e de cá não é do povo mas da necessidade absoluta de garantirem os seus privilégios.
Mesmo que à custa do sofrimento, da fome, da miséria e da vida do povo de que falsamente falam.

Pois que sobre as águas do mediterrâneo e extravasando todos os estreitos e usando todos os canais corra uma barcaça de esperança e que transporte para todo o mundo a semente da liberdade e da dignidade dos homens.

Uma saudação aos povos em luta

DE (depois do escrito)
e uma manifestação de apreço pelo trabalho do jornalista Paulo Moura. Tem-me ajudado a acreditar que ainda há jornalistas. (Tinha planeado escrever sobre a diferença entre um Jornalista e um escrevedor de papo cheio e tinha pensado em dois interpretes para essas duas situações - Paulo Moura na primeira, José Manuel Fernandes na segunda) mas razões várias não o permitiram.
Fica pelo menos a intenção com este DE.

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