quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ai o poder, o poder…

Todo o poder emana do povo, dizem e determinam vários textos constitucionais. Este principio concentra em si, a própria génese da democracia (poder do povo).
Se abordarmos o conceito exclusivamente na perspectiva democrática «clássica» verificamos que acedem ao poder o indivíduo ou os indivíduos, integrados em organizações ou meramente a título individual, que são merecedores da confiança expressa (normalmente através do voto) dos seus pares.
Noutras situações, em que não é menos legítima a origem, o poder advêm da confiança expressa nas ruas, aos líderes que se destacam em processos revolucionários de tomada do «poder».
A Revolução Portuguesa é disso um bom exemplo.
Independentemente de algumas excepções e aceitando que ele não se cinge ao «clássico campo democrático» ocidentalizado, é correcto considerar como geral esse principio: todo o poder provêm do povo.
Mais difícil é encontrar a mesma aceitação teórica para os processos pós emanação.
Depois de transmitido pelo povo, o poder, a forma do seu exercício , o tempo do seu uso e os fins que lhe dão, origina as mais variadas e complexas situações.
Não poucas vezes a história nos mostrou que no exercício dos poderes emanados pelo povo, este vê os seus direitos postos em causa e mesmo violentamente sonegados.
Em outros casos, pessoas e organizações, com importantes participações em processos de regulação do exercício da emanação do poder, acabam por, aceitando-o, o usar como coisa sua.
É voz corrente dizer-se que todo o poder corrompe. A ser assim e assim o parece, conforme for a sua natureza assim será o efeito.
Estas notas que já vão longas , surgiram da abordagem às situações de que vamos tomando conhecimento, com destaque para a Tunísia e para o Egipto.
O povo está na rua para exigir o retorno do poder das mãos a quem o entregou e que dele se apoderou como coisa sua.
Que fez dele instrumento de opressão. Que com o seu uso, causou carências e misérias à generalidade do povo .
E está difícil essa recuperação.
Os ditadores não largam facilmente os seus privilégios.
Chegam mesmo a ser patéticas (não fora o caso de serem trágicas) as formas como se agarram.
«Eu prometo não voltar a candidatar-me» Diz um, em estado de completo desespero.
Candidatar-se?
O povo está na rua a dizer para ele se ir.
E, neste processo de reaver o que é seu, na Tunísia e no Egipto, centenas de pessoas já perderam as vidas.
Quantos já terão morrido hoje?
Que estas lutas e as tragédias a elas associadas possam ao menos contribuir para que o povo (os povos de todo o mundo) aprendam a fazer melhor uso na concessão do poder e principalmente uma mais apertada e eficaz fiscalização do uso que dele passe a ser feito.
Mas que no imediato, tragam finalmente a paz e o bem estar para os povos em luta.

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