quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

RODAS PARADAS DE UMA ENGRENAGEM CADUCA

Tão frios como os dias que fazem por estes dias são as noticias, que se expressam quase sempre em números, que se referem às pessoas sem trabalho.
Seiscentos e dezassete mil (números oficiais), duzentos e quarenta e sete mil (desde a crise) mais não sei quantos mil que em período homólogo, sessenta e não sei quantos mil são detentores de um curso superior…
Mas muitos mil são os dias de angústia, de desespero, de sonhos adiados.
Homens, mulheres e sobretudo jovens que iniciam cada dia na permanente esperança de um dia diferente e que o terminam sob a triste amargura de mais um dia falhado.
E ao longo de meses, de anos. Assim é.
«Rodas paradas de uma engrenagem caduca» como escreveu Soeiro.
Até quando? Porquê? É isto inevitável?
A estas acrescentam outras, muitas outras interrogações.
Têm tempo, muito tempo, para interrogar.
E para interrogar acima de tudo a ausência de respostas.
E os dias passam.
E os sonhos adiam-se. Só não se adia o presente.
Adia-se a vida.
Distribuem-se uns flyers no centro comercial, impingem-se tvs por satélite, repõem-se pacotes de farinha nas prateleiras de supermercado, vendem-se seguros a quem se afoga na insegurança.
Arrastam-se. Mais um dia.
Há rendas por pagar.
E contribuições para a segurança social, para o irs, para o IVA por causa de um recibo verde de 30 euros.
E depois ainda há que aturar um energúmeno qualquer que lhes berra: « vão trabalhar malandros» ou enojar-se com a escrita de um escrevedor de jornais pançudo, que esborratou que a culpa da situação é dos direitos laborais e sociais que os seus pais desfrutam.

Para todos os trabalhadores sem trabalho e para todos os que estão em situações laborais vegetativas uma palavra de solidariedade activa.
Não são os meus direitos que vos retiram o trabalho.
Quem vos retira o trabalho são os mesmos que me retiram os direitos.

Encontramo-nos por aí.
Na luta.

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