sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mente(s) Estatística


Cita-se frequentemente, tão frequente e banalmente, que agora , que também pretendia citar, não o posso fazer convenientemente, ou seja, não sei exatamente como foi afirmado e também não sei quem o afirmou, mas mais coisa, menos coisa, foi afirmado que se trabalharmos bem os números, a estatística irá dizer-nos, exatamente o que queremos que ela diga.
Ao autor a devida vénia e o devido pedido de desculpas.
Mas foi exatamente esta a sensação que tive, quando hoje li artigo, publicado no Diário Economico e que baseado em «estudo» da Síntese Estatística do Emprego Público, titulava: Salário médio na Função Pública cresceu 7 por cento.
Precisava : sobem 6,9% face ao início do ano passado.
Nem mais. Exatamente assim.
Ou seja, os funcionários públicos não viram, mas estatisticamente é assim de facto.
É um pouco como naquela graçola em que estando dois indivíduos e tendo um deles comido um frango inteiro se pode estatisticamente afirmar que em média cada um deles comeu meio frango.
É verdade que o salário dos funcionários públicos foi em Janeiro de 2015 superior ao que foi em janeiro de 2014…pela simples razão que em janeiro de 2014 o Governo tinha acabado de aplicar a monumental mutilação de 2,5 a 12% nos seus salários.
Como sabemos, envergonhadamente e insuficientemente o TC declarou-se pela inconstitucionalidade de tais normas orçamentais, pelo que em maio desse ano a medida (essa) foi anulada (mas os efeitos não corrigidos).
Imaginemos que, para atingir o efeito que agora quer valorizar, em janeiro de 2014 os cortes pretendidos pelo governo tivessem sido de 25%...
Estaríamos agora na presença de um aumento de salários na função pública de 25%.
Uau.

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