domingo, 17 de janeiro de 2010

Cidades









Duas cidades são hoje objecto de especial abordagem pelo «Público» uma no corpo do próprio jornal e outra na Revista Pública que é um seu suplemento.
Duas cidades portuguesas e ambas classificadas cidades Património da Humanidade.
Retive algumas passagens dos textos publicados:
“Durante mais de vinte anos (…) trabalhou para ser reconhecida a nível nacional. Agarrou-se à história e ao património para contornar os problemas estruturais de uma região marcada pela agonia das indústrias tradicionais. Hoje é uma das cidades mais reconhecidas entre os portugueses (…) a afirmação internacional é o próximo passo e (…) quer ser um exemplo de desenvolvimento para as pequenas e médias cidades europeias”
«O ambiente urbano e a cidade também são cultura. A regeneração urbana é um investimento que induz um estar cultural na população - diz Maria Manuel Oliveira, professora Universitária.
Guimarães e é esta a cidade que centra as observações reproduzidas é Capital Europeia da Cultura em 2012. Investe na recuperação patrimonial, projecta residências para criativos e para artistas.
Sobre a outra cidade:
«Em (..) não há nada para fazer. Não há concertos, não há bares giros, não há um cinema» diz uma jovem entrevistada.
«Não há empregos nem uma perspectiva de vida aqui» todos os jovens entrevistados sonham ir para Lisboa.
«Ele apostou (referindo-se uma entrevistada ao Presidente da Câmara) numa ideia de modernidade para a cidade, que nunca se concretizou» - e acrescentou: «Quando vim para cá viver, há 20 anos, havia várias livrarias, havia teatro, havia cinema, agora não há nada. Nem um grande centro comercial como quase todas as cidades médias em Portugal…»
Em (…) ninguém acredita no que diz o Presidente da Câmara. Temos a sensação que ele anda a gozar com as pessoas.
Desgraçadamente estas últimas referências são sobre a nossa cidade.
Já aqui afirmei que Évora é uma cidade deprimida.
O diagnóstico que o trabalho do jornalista Paulo Moura expõe é a confirmação dessa enfermidade e a indicação do seu estado agudo.
Se eu fosse Presidente de Câmara (desta cidade, onde os cidadãos formam esta opinião e outras… muitas outras não já só sobre o trabalho, mas até sobre o carácter) …amanhã, logo na abertura dos serviços, apresentaria a demissão e tudo faria para entregar ao povo o direito à correcção de rumo.
Mas ficar-se-á (ele) só pelas ameaças, por mais meia dúzia de parangonas sobre a cidade do faz de conta em que ele (e só ele) acredita viver e por mais um ou dois ataques de fúria contra todos os que ousem dizer-lhe não.
Uma é Capital Europeia da Cultura - Guimarães.
A outra, a nossa amada cidade de Évora, é desgraçadamente a cidade da não cidade.
Que renega a sua identidade e se projecta para o vazio.

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