quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ah Camões, grande Camões…



A propósito da pesada insustentabilidade de que falou hoje sua excelência e pensando no peso da sua própria insustentabilidade, considero que insustentável é verificar que os responsáveis pela crise, aqueles que tomaram e tomam medidas nas quais ela assenta, aqueles que dela beneficiam e aqueles que a projectam para os seus já confessáveis fins, continuam descaradamente a perorar sobre ela e a ofender as suas vitimas.
Insustentável é constatar a hipocrisia de falar em diminuição de remunerações dos detentores de cargos políticos ao mesmo tempo que aumentam o valor das ajudas de custo, de representação e outras manigâncias.
Insustentável é ver que os culpados são medalhados neste dia nosso e de Camões.
Insustentável é este cheiro a naftalina, este desfilar constante de canalhas que de Portugal só gostam da possibilidade crescente de explorar para enriquecer desumanamente.
Insustentável é verificar que cada vez mais ajoelhamos quando nos devíamos erguer e tratamos por excelência aqueles que deviam ser tratados com desprezo.
Insustentável é sim sr. presidente.
Neste 10 de Junho, resguardo-me na ideia de que tu Camões, tu que resististe ao teu tempo e aos tempos de depois, resististes aos liceus e aos tecnocratas da língua, aos que procuraram transformar a tua épica poesia, em coisa de métricas e sílabas … sim resguardo-me na ideia de que tu sejas capaz de os mandar com eloquência para o sítio de onde eles são.
De Portugal, não são.

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