sexta-feira, 18 de junho de 2010

PONTES



O PS, a quem se juntou ruidosa e alegremente toda a restante direita, pretende meter ao bolso alguns feriados.
Julgo que esta iniciativa se integra em mais uma acção directa.
E vale tudo. Agitar a bandeira da produtividade, quantificar as perdas por cada dia de trabalho, mistificar refrescantes e luxuosas pontes.
No meio deste coro de aprovação da direita, ressalto as afirmações de um senhor deputado do PSD, prestadas e transmitidas pela RTP no seu serviço noticioso da tarde de hoje, que se traduzem em afirmar que: «todas as medidas que contribuam para o aumento da produtividade merecem o apoio do PSD», assim…, sem mais nem menos. Não nos espantará por isso que este mesmo coro de direita em uníssono venha defender e aplaudir, outras medias, tais como - e espero não me arrepender pela sugestão - que se regresse à jornada de trabalho de sol a sol, que só se mantenha o domingo como dia de descanso ou que por e simplesmente se acabe com o direito a férias - esse desperdício.
Para já, só mexem em alguns feriados. Para já…
Mas é legítimo supor que pretenderão que festejemos a 24 o que a 24 não queremos comemorar, mas sim repudiar e que a 2 ou 3 se comemore o que a 1 em todo o mundo (em alguns sítios com grande sacrifício e heroicidade) se comemora.
Tal como supomos não terem coragem para retirar o direito ao descanso ao domingo, não a terão certamente para comemorar o Natal a 26 ou 27 de Dezembro - porque aqui vale-nos deus.
Falam os senhores ilustres deputados desta ilustre grande maioria (PS/PSD/CDS) que são imorais algumas pontes.
Só se falam com base na sua própria experiência, porque os trabalhadores portugueses, se querem um fim de semana prolongado, o fazem à custa das suas férias. Férias que são um direito seu e que naquele dia, ou noutro qualquer têm direito a gozar.
Os pilares das pontes que os senhores ilustres falam, são direitos dos trabalhadores.
Mas há poucos dias, sem qualquer explicação, em plena «crise» e em violação do direito de consciência de muitos, decretou o governo um fartote de «tolerâncias de ponto».
Quanto custou ao país este arremesso de mau pecador? Não teve efeitos na produtividade.
E quando, para tentar calar o descontentamento, oferecia dias de férias aos trabalhadores da administração pública (por idade, por antiguidade), quando estava obrigado sim, mas era a proceder a actualizações salariais?
Quanto custam?
Vem tirá-los agora?
Desta gente espera-se tudo - de mau.
Porque não têm vergonha para meter assim ao bolso. Descarada e publicamente.
Mas nenhuma vergonha mesmo.

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