quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Experimentem...



Fiz a minha iniciação cívica e política no período compreendido entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975. Tinha então dezasseis anos de idade.
Ressalta daqui, desde logo, uma certa perplexidade (se sob os olhares de hoje) sobre a maturidade possível nessa idade. Um tema interessante para voltar mais tarde, com tempo.
Entretanto decorreram 35 anos.
A primeira das datas é a mais generosa oferta até hoje recebida.
Não esquecerei nunca - respeitando e dando continuidade - o esforço de tantos para tornar possível essa oferenda. Obrigado - Sempre.
A segunda das datas, é para mim, a tomada de consciência de que a vida não é um sonho cheio de coisas bonitas.
E que tal como nos processos normais da vida das pessoas, o 25 de Novembro, foi um acontecimento que interrompeu abruptamente uma deliciosa adolescência.
Caldeei pois a minha aprendizagem social e política nas lutas pela defesa dos sonhos que os novembristas queriam destruir.
Nas barricadas que então erguíamos nesse frio e triste Novembro, aprendi o amargo sabor da derrota. Mas aprendi também que os sonhos (esses sonhos realidade) só são destruídos nas pessoas que perdem a capacidade de sonhar.
Recordo-me do silvar provocado pelo atrito das panhards no asfalto e nos gritos mudos de todos nós, que naquela madrugada fomos forçados a deixar passar a coluna dos que iam para Lisboa em sentido contrario à Liberdade e à Democracia.
Mas os sonhos continuam vivos, hoje. 35 anos depois.
Não foram propriamente as questões novembristas (cinzentas e tristes) que motivaram a vontade de hoje escrever.
Foi sim, a já histórica Greve Geral de ontem.
Sobre o patético jogo do governo sobre os níveis de adesão só faço questão de notar uma esclarecedora analogia. Cavaco Silva em 1988 afirmou: “Greve Geral??? Quanto muito uma greve parcelar”. Em 2010, Vieira da Silva, Ministro e socialista afirmou: “Greve Geral??? Quanto muito uma greve parcelar”.
Uma questão de escolha de mentores …e de sentidos de percurso.
Mas o que despertou a vontade de escrever foi ter constatado que a generalidade dos analistas oficiais, de politólogos a sociólogos institucionalizados, convergem na opinião (vontade?) de considerar que não há margem de manobra e que não há alternativa, por mais justas que possam ser as reivindicações (condescendem).
Mas não há margem para quê? Para continuar este caminho de desastre estou em crer que é verdade, não há de facto margem de manobra.
Mas para mudar, inverter rumos e praticar uma nova política (a principal reivindicação da Greve Geral) há espaço e ontem constatou-se que alargado, para iniciar um novo rumo.
Aos instalados, institucionalizados, acomodados, descrentes, frustrados, sem coragem, fica uma palavra: experimentem.
Há um caminho contrário a percorrer.

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