terça-feira, 6 de agosto de 2013

O peso do arco dois

O peso do arco (2)

(não é inocente este trocadilho entre título e subtítulo – prefiro o título)

Volto, tal como havia afirmado, à questão do peso do arco.
Recordo que o arco, é referente a expressão comum em Portugal e que se traduz mais concretamente no que os politólogos entendem como arco do poder ou arco governativo.
Em português significa: PS;PSD;CDS.
Para os portugueses, significa: 38 anos de alternâncias sem alterações.
Este arco, assenta assim, em sólidos pressupostos de ordem teórica e que em minha opinião se enquadram nas teorias do fim da história a que também já aludi.
Foi Francis Fukuyama, que deslumbrado com a queda do muro de Berlim e olhando o mundo através das suas lunetas ideológicas, considerou que não havia mais caminho e que havíamos chegado, com o capitalismo e a democracia burguesa, à sociedade sem antagonismos, ao equilíbrio.
Ao equilíbrio de que Hegel já havia falado, mas que considerava adiado.
Pois poucos anos bastaram, somente os que nos distanciam de 1989, para verificarmos o quanto desequilibrada está a sociedade perfeita.
E o quanto convulsa em busca de um caminho que sabe que tem que percorrer mas não sabe ainda em que direção.
Parada não está. O que Fukuyama pode ter considerado um fim, pode ter sido simplesmente uma paragem para clarificações.
Pois em Portugal e aqui há mais anos,  estamos parados (ou antes tivéssemos, porque o que se passa é que estamos em movimento de regressão em muitos aspectos) debaixo deste arco, que embora com enormes fissuras, insiste em manter-se e em manter sob si um povo cada vez mais pobre.
Os episódios últimos, para manter este arco estável, são de índole a aconselhar todo o cuidado verbal.
Mas a imensa falta de vergonha dos atores deste arco é no mínimo, um absurdo.
Atente-se, só em pequenos trechos:
Os atores do arco, os que apelam à nossa honra para pagamento da divida, são os que  ganharam rios de dinheiro vendendo ações do BPN e quem paga os mais de 4 mil milhões que resultaram dessas «brincadeiras» financeiras, são …
Os atores do arco, saem de ministros, para os bancos, dos bancos para os ministérios, dos ministérios para Bruxelas, dos ministérios da tutela para as empresas tuteladas e para o desemprego, para os salários miseráveis, para as pensões de valores desumanos saem…
Os atores do arco ganham eleições fabricando ilusões e depois recusam dar de volta o voto a…
Os atores do arco falam como se daqui não houvesse saída.
Veremos…

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