segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O peso do arco

 

Grassa hoje, um pouco por todo o lado, neste mundo onde se globalizou o discurso dominante, um ruído ensurdecedor .
Projetaram-se primeiro as ideias dos fins.
Do fim da história. Do fim das ideologias e outros fins .
Procurou-se assim consolidar as inevitabilidades  e a ideia de que o patamar onde nos encontramos é o ponto de chegada. Que não há mais caminho a percorrer.
Decretou-se, ruidosamente e à escala global, o fim da História e associadamente o fim das ideologias.
Ruidosamente e com cobertura intelectual.
Mas o que era a génese desse auto proclamado rico e novo paradigma era simplesmente a transfiguração de velhos e gastos preceitos.
Em suma, os novos preceitos, não eram mais que o velho «ajoelhai irmãos» e de outras expressões similares e anteriores.
E ajoelhai porque o mundo é Capitalista e a ideologia triunfante é a sua.
A história parou aqui e não há mais linha a partir daqui.
E assim têm agido e daqui rodopiam para interpretações enquadráveis.
Tem sido com base nelas que os políticos da política institucionalizada - Em Portugal ganha o bonito nome de arco do poder e inclui PS;PSD e CDS - se têm permitido fazer a ideologia da política como coisa abominável e terreno fértil para a corrupção.
Porque interessa aos políticos do arco, de todos os arcos, que não se faça política, ou melhor, que aqueles que a não sabem fazer, não se metam nela, até porque não há nada a fazer.
As coisas são assim.
Pronto.
Assim se começa a generalizar  a preocupante ideia de que sem políticos, a sociedade seria mais bem gerida.
Mas, atente-se que, por político se entende alguém que se sujeita o voto dos seus pares.
Se hoje o capital, já fabrica e faz eleger os seus políticos - os do arco, friso - na situação que alguns defendem alternativa (a meritocracia, uns), então teriam a vida extraordinariamente facilitada.
Não precisariam mais de embustes.
Eles escolhiam a seu belo prazer.
Presenciámos, recentemente, em Portugal, a expressão prática desse entendimento.
Quando o povo clamava por eleições.
O capital, acantonado nos palácios onde colocou os seus políticos, impôs, mesmo que num enquadramento miserável de completa falta de vergonha, a continuação de mais do mesmo.
Seria perigoso, muito perigoso, para Portugal, marcar eleições, balbuciaram.
Tal só ia agravar a crise (voltarei a este vernáculo) e o povo não estava em condições de perceber…
Eu vou voltar a esta questão, mas porque por agora, a coisa já vai longa,, não posso deixar de reafirmar que, mesmo correndo o risco dos homens do arco continuarem maioritários (essa é também uma outra questão, ou seja, porque é que as vitimas escolhem os carrascos), frisando, mesmo correndo esse risco, prefiro-o mil vezes proclamado, a uma qualquer meritocracia fabricada pelos políticos antipolíticos.

É pesado o peso do arco. (1)

0 comentários:

Enviar um comentário