quinta-feira, 2 de abril de 2015

A essência

Ainda gaiato, na pequena terreola onde nasci, depois de bebericar água no pequeno fontanário e ao virar-me rápido para dar continuidade à brincadeira, dei de caras com um homem, de pele negra.
Fugi desalmadamente até casa.
Aí, indagado sobre a razão do pânico, respondi: está um turra ali ao pé do fontanário.
Naqueles tempos, encontros com outros, diferentes de nós, eram um acaso e encontros com pessoas de pele negra, quando todos (padre, sacristão, regedor, professor, gnr e outros influentes e mandantes) nos diziam que quando crescêssemos tínhamos de ir para Angola combater os turras (pretos), constituía-se como facto muito estranho e …medonho.
O turra que eu teria de combater quando crescesse mais um bocadinho, estava ali, ao pé do fontanário.
Sabemos hoje, e nessa altura alguns também o sabiam, que aqueles a quem o regime fascista teimava em impingir como turrras (terroristas) eram guerrilheiros na justa luta pela libertação da sua pátria.
Este pequeno episódio vem a propósito da definição atual para terrorista. Parece pouco ter mudado.
Continua a ser usado ao sabor das ondas. Das ondas dominantes.
Cedo resolvi os meus traumas de infância. E dessa forma aprendi a distinguir as enormes diferenças entre guerrilheiros (em luta contra a opressão) e terroristas (que difundem o terror).
Os primeiros, são heróis. Os segundos, o contrário disso.
Por isso, não me falem em terroristas de esquerda, extrema-esquerda, direita, ou extrema-direita. São terroristas. Ponto.
Difundem o terror e o terror não liberta, subjuga

0 comentários:

Enviar um comentário