sexta-feira, 23 de abril de 2010

ABRIL


Alheio-me por completo desta minha viagem.
Olho pela janela e não me consigo situar.Avisto ao longe uma aldeia. É cada vez mais nitido o seu casario branco. Será? Já? Hum...não sei.
E este alheamento fica a dever-se ao facto de por formas várias, que tecnologicamente estão a nosso dispor, ir recebendo notícias. E estas serem de forma a nela me concentrar.
Lá, na cidade, continua tudo como antes.
Os senhores da cidade não têm Abril como prioridade.
Mas a cidade não lhes corresponderá.
Espero lá estar, na Praça, para lho demonstrar.
Espero também encontrar-te lá, amigo. Tenho para mim a certeza que sim.
Quero falar-te do teu texto.
Claro que me identifico com o que dizes, mas...
Mas para mim Abril, é também memória,
E não sei, tal como tu também não sabes, se os entusiasmos então vividos são irrepetíveis,
Sei também que muitos dos que cantaram os hinos que recordamos, desafinam hoje as melodias que então cantavam. Mas eu recordo estas.
As solidariedades que afirmas que então pareciam não ter fim, não têm mesmo. Tal como ontem, hoje as proclamamos.
Não menosprezes os hinos, as bandeiras, as canções, a memória. São as nossas iconografias. São a parte que nos cabe, neste percurso inacabado.
Deixa-me lembrar o sonho.
Quero saboreá-lo, para o repetir, ou pelo menos deixar a receita para os meus filhos.
Deixa-me ficar com a poesia dos tempos poéticos.
Deixa-me lembrar que quando cantávamos: “Esta terra é hoje nossa”, ela o foi de facto.
Dizes que Abril é futuro.
Claro que sim.
Desde o segundo primeiro.
Sempre foi futuro porque fechou as portas do passado.
Mas é memória.
Não te esqueças amigo.

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