segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vou partir de novo



Nesta inconstância de textos errantes, que ora se elevam brusca e violentamente em espiral, ora de sossegam numa brisa quase imperceptível, concentro-me por vezes em questões muito próprias desta cidade que me acolhe.
Alguns textos só fazem mesmo sentido se lidos no enquadramento destas ruas sinuosas, destas casas, palácios e monumentos, que dão o encanto a Évora.
Vou partir de novo.
Há vida e inquietude bastante para além destes muros que me desafiam os sentidos.
Mas antes de partir…
Uma pergunta, uma corrente de perguntas, que se funde numa só:
Que se passa aqui?
Nos cafés, nos supermercados, nas festas de amigos, nas conversas de ocasião, nos centros de saúde, perdão, unidades de saúde familiar, na praça e nas praças é voz corrente e não contradita que a cidade definha.
Que aquilo a que assistimos é de um mau gosto dilacerante (daí, textos como o de ontem - o homem bala), que nos envergonhamos da cidade que antes nos enchia de prazer assumir como nossa, onde se acaba com o cinema, onde se promete em cada dia um dia que nunca mais acontece, onde se vendem ilusões, como quem vende algodão doce, fábricas, empregos, inovação, inteligência, excelência, excelência e onde não temos para onde ir…
E, mesmo assim…
Na hora da verdade…
Escolheram continuar assim.
Pois agora… aí tendes.
A cidade que definha tem o contributo daqueles que acreditaram (teimosamente) na cidade das maravilhas.
Quando passam pelo Salão Central não se sentem responsáveis? E pelo Eborim? E quando vão ao cinema ao Montijo porque aqui fechou? E quando passam pela cerca onde anunciam o complexo desportivo? E quando se encontram no Fórum…Almada - porque o de Évora «foi»?
Não sentem ao menos um pinguinho de culpa?
Se não sentem, deviam.
É tempo de passarmos a assumir plenamente as responsabilidades sociais e políticas dos nossos actos.
Chega de, primeiro votamos (porque é…talvez…chique) e depois, às vezes logo no dia a seguir, lamentamos…
Lamentemos sim as desgraçadas escolhas e corrija-se o rumo.
Mas… já se prenunciam novas seduções, novos erros e novas lamentações.
Um dia aprender-se-á.
Temo é que, com custos sociais muito elevados.

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