terça-feira, 29 de março de 2011

Democráticas formalidades (1)

A democracia é cada vez mais um embuste, mas um embuste ainda necessário e melhor que todos os outros embustes até agora conhecidos.
A analogia à celebre frase de Churchil é óbvia.
Mas há uma outra carga. Embuste significa a intenção de fazer passar por real o que se sabe ser falso.
A questão a saber é, até quando vai ser possível a aceitação deste facto?
Até quando vai o embuste ser considerado necessário?
Até quando vamos aceitar participar na farsa?
Os episódios da nossa vida política recente são bastante elucidativos (sobre os embustes), concentremo-nos em alguns:
1. A crise (financeira).
A crise é o somatório de um conjunto de problemas associados à dificuldade de pagamento da nossa dívida soberana. Para pagar a dívida temos que contrair mais dívida e quem empresta o dinheiro, quer que, cada vez paguemos mais por ele.
Um dos factores (para só falar no mais recente) que mais contribuiu para o volume da dívida, foi o que resultou da «nacionalização» do BPN. O BPN era um banco privado, mal gerido pelos vistos e bem aproveitado por alguns (poucos). Os lucros (chorudos) foram privados. Os prejuízos (volumosos) são agora dolorosamente pagos por cada um de nós
Alguma vez esta decisão, assim como muitas outras que levaram à contracção de tantos mil milhões, foi colocada para decisão democrática por parte de cada um de nós? Algum dos partidos (que uma vez no poder contraiem dívida em nosso nome) colocou tal hipótese nas promessas e nas campanhas eleitorais?
Quando votámos e quando escolheram (os que assim votaram) o PS e Sócrates, sabíamos que o PS e Sócrates iriam tomar estas decisões?
A questão é que os que pedem o nosso voto, se estão borrifando para explicar o que quer que seja do que pretendem fazer depois de ganhar, e muitos de nós (uma perigosa maioria de nós) se está borrifando para o que quer que seja.
Muitos definem o seu voto com mais leviandade do que na escolha de uma camisa.
Votam como quem aposta numa corrida de cavalos: «Qual é o cavalo que vai à frente?».
Pois este é só um dos embustes.
Pretendo voltar a outros.

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