quarta-feira, 30 de março de 2011

Democráticas formalidades (2)

O voto é, no plano formal, o instrumento democrático por excelência.
E porque assim é, constitui-se hoje como a expressão suprema do embuste.
Quer se analise no processo de construção, quer se analise na produção de efeitos fácil é constatar que ele é cada vez mais uma expressão banal e vazia de sentido.
E para o embuste, tanto contribuem aqueles que dele precisam para «legitimar» as políticas como aqueles que o usam de forma leviana.
Basta de considerar os utilizadores do voto numa perspectiva de condescendência e numa permanente desculpabilização.
Quem dele (voto) faz mau uso, tem que ser, no plano social, responsabilizado pelos seus actos.
Só assim a democracia fará sentido.
Só assim o voto não será um instrumento do embuste.
Mas a conversada que vai grossa na praça, só serve para verificar que faz cada vez mais sentido falar de embuste.
Diz-se que SE exige que o próximo governo tenha suporte numa sólida maioria absoluta.
Os senadores e os bem instalados enchem a boca (nos intervalos em que esta está vazia para digestão) com a afirmação da necessidade sagrada de uma maioria absoluta.
Um padre com boa carreira, sorridente, expressa que gostaria de uma maioria ps, psd, cds.
Os patrões e os seus empregados dilectos, falam no mesmo sentido, divergindo apenas, pontualmente, nas pontas.
Paulo Rangel diz hoje que Merkel ficaria muito contente por ver o PSD no Governo (compreendemos…sempre seria uma vitória num land já que para as suas bandas…)
Pois o que fica claro é que o que pretendem é simplesmente e rapidamente ultrapassar este pequeno embaraço (eleições) e considerando que não podem (para já ) dispensar esta formalidade, que da mesma resulte o ámen necessário a que tudo continue na mesma.
Assim será, concluem. Não há razões para perder o sono.
Até que numa serena e limpa madrugada possam ser despertados com a angústia de um novo «e depois do adeus».

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