sábado, 7 de novembro de 2009

Efemérides

Efemérides

Não gosto de algumas das efemérides de Novembro.
Não gosto e tenho razões para não gostar,
E não é porque não goste de efemérides.
Sabe bem beber um copo com os amigos – quando do teu aniversário (ou no dos teus amigos), fazer o ritual do espumante, passas e contagens decrescentes nas passagens de ano, lembrar o primeiro beijo, o nascimento dos filhos.
Sabe bem cantar Abril (trautear conforme as possibilidades de cada um) e fazer das suas festas passagens de ano de liberdade.
Não comemoras, mas lembras, militantemente, outras datas e fazes do teu dia a dia um compromisso, para que não existam mais efemérides dessas.
Mas há as que não gosto mesmo e sobre estas passo à frente.
Por razões que seriam agora despropositadas explicar, comemoramos (?) hoje (7 de Novembro) a Revolução Socialista de Outubro.
Pintam-na (alguns) com as cores da desgraça e dos horrores.
E no entanto o mundo abanou. Pela primeira vez na história (de forma consistente) uma revolução proletária triunfa e abre de esperança o coração de milhões de homens e mulheres acorrentados em todo o mundo.
Seguiram-se em seu nome muitas atrocidades, dizem de novo alguns e eu suspeito que o que querem dizer e fazer com que aconteça é que os homens não tentem ser livres – seguem -se muitas desgraças…advertem…para alguns a desgraça que lhe aconteceu foi a de terem deixado de ser os senhores dos homens. Estes passaram a ser senhores de si.
Os que assim pintam a Revolução Socialista de Outubro, são os mesmos que com as mesmas cores pintam o tenebroso período da ditadura comunista que se seguiu ao 25 de Abril e que só comemoram a liberdade que eles dizem ter começado a 25, mas de Novembro.
Em 1917 ainda não pisava as veredas deste mundo mas em 74 já. E foram meses de felicidade plena e de encantamento. Não vi a meu lado nem tristezas nem amarguras mas sim a felicidade da liberdade vivida.
E também presenciei (e estrebuchei quanto pude) a tenebrosa noite de 25 de Novembro de 1975…
Ainda hoje tenho presente o som do silvo provocado pelo rodado dos chaimites que investindo contra o povo se dirigiam para Lisboa – para libertá-lo (o povo).
Há por isso efemérides que se comemoram, lembram e respeitam e datas que não queremos recordar.

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