quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A propósito do despropósito



Helena Matos subscreve no Público de hoje uma crónica que intitulou: “O que foi feito do homem que nos marcou golo no primeiro minuto?” E lá vem a ladainha de quem tem palco, megafone e oportunidade.
Eu ficarei p´ra aqui a bradar às tardes. Não tenho talento para tais púlpitos
Mas, permitam-me. A dita cuja interroga-se sobre o que aconteceu ao jogador norte coreano que nos marcou o primeiro golo no campeonato de 1966. E a interrogação tem de imediato resposta, dada pela própria, por vezes socorrida de acólito.
Claro: perseguição, miséria terror. O herói foi vandalizado pelo regime do seu país.
Talvez. Acredito.
Mas estamos em 1966. Helena Matos não desconhecerá o que, no seu país, se passava com os heróis que não marcavam golos, mas arriscavam a sua liberdade e a própria vida para ganhar a liberdade. Para todos. Saberá por acaso o nome de um, de um só, que possa citar um dia nas suas crónicas de liberdade?
Diz ainda, a propósito do Muro de Berlim, criticando a ladainha relativista sobre os novos muros: “perguntem aos presos se um muro que impede a saída é igual a um muro que impede a entrada?”.
E critica ela a relativização. Claro que o preso, enquanto tal, vê o muro enquanto obstáculo à saída que por sua vez é obstáculo à entrada. Saída da prisão e entrada no mundo da liberdade. Helena Matos não refere a que presos, se refere.
Mas, para ela muro é muro e é de Berlim, mesmo que este já tenha caído há uns anecos.
Os que estão de pé, esses, não importam, só são referidos para relativizar.
Cisjordânia; Melila; México e muitos outros, não importam.
Importa isso sim, o lado de que estamos face a eles.
Nisso estou de acordo com HM.
De que lado está ela face a eles? Como alguém que quer sair ou como alguém que quer entrar?
Do lado dos que querem entrar na legítima procura da sobrevivência (a ONU declarou o direito à alimentação como um direito natural), ou do lado dos que, fartos, procuram estupidamente salvaguardar o seu território de estranhos, mas que nunca recusaram o que aos estranhos sacaram.
Quando eram senhores do mundo e não encontraram muros para a sua expansão.
Obrigado HM. Foi bastante elucidativa a explicação. Sabemos de que lado dos muros está .

1 comentários:

Zé Morgado disse...

Agradeço a apreciação. Já agora o texto sobre a Helena Matos uma das tudólogas que habita na imprensa está interessante. Aparece sempre

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